
Eleições 2022: o Cidadania ainda serve ao governador João Azevedo?
Por Josival Pereira
O presidente estadual do Cidadania, Ronaldo Guerra, ressaltou em conversa com a imprensa, nesta segunda-feira, que, em caso de constituição de uma federação partidária entre seu partido e o PSDB, o comando local será da legenda que tiver o governador.
Guerra está certo. Existe um pré-acordo entre PSDB e Cidadania para formação de uma federação e nele está previsto que o partido que tiver governador ou um senador comandará o acordo político naquela unidade da federação.
Seria o caso da Paraíba, onde o Cidadania tem o governador João Azevedo.
Mas a questão não é saber quem vai comandar na Paraíba a federação resultante da união entre PSDB e Cidadania, um acordo em estágio avançado conduzido pelas direções nacionais dos dois partidos. A Executiva do Cidadania já tem até uma data para oferecer resposta ao PSDB, que é até o dia 15 de janeiro.
Para o governador João Azevedo, de quem Guerra recebe orientação política, a questão, na verdade, são duas: para que serve o Cidadania ligado por quatro anos ao PSDB do governador João Dória e para que serve o PSDB da Paraíba ao governador?
A federação, para o Cidadania, é vital para sua sobrevivência, mas, durante quatro anos, mesmo que saia bem nas eleições e eleja bancada necessária(11 deputados, distribuídos em 9 Estados), será sempre um apêndice do PSDB nacional. João e seus aliados serão liderados por Dória, que vai disputar as eleições de 2022, mas de olho em 2026.
Na mesma direção, o governador pode aproveitar essa necessidade vital do Cidadania nacional, aceitar a federação com o PSDB e assumir o comando do processo no Estado.
Neste caso, porém, o mais provável é que as principais lideranças tucanas busquem outro partido e a federação herde apenas as penas tucanas. Haverá proveito para o governador?
Restaria uma hipótese mais positiva, que seria a do governador, comandando a federação, receber o apoio do PSDB, ganhando a adesão total do grupo Cunha Lima. Mas aí surge outra questão: o governador conseguiria manter sua base aliada ou perderia muitos aliados e, com isso, o risco de armar uma oposição mais robusta?
Imagine-se ainda que, com a federação sob o comando do governador, o grupo Cunha Lima acabe desalojado do PSDB. No local, poderia haver regozijo. É bom lembrar, porém, que, nacionalmente, a federação terá Dória como liderança principal.
Existem outras leituras e possibilidades, todavia, qualquer análise um pouquinho mais aprofundada vai concluir que o Cidadania em federação com o PSDB não serve ao governador João Azevedo.